CIRCUITO ARTES

CIRCUITO ARTES

Circuito de atelieres, galerias e espaços de arte de portas abertas.

Acontece  uma vez por ano


A CERAMES participou do III e do IV 


IV  CIRCUITO ARTES - EXPOSIÇÃO "CERÂMICA CO POESIA"

Obras inspiradas em poemas de Viviane Mosé e concebidas a partir

do lirismo cruzado entre poema e o artista ceramista. Os poemas

foram escolhidos a partir de memórias afetivas ou pela sensação

emocional causada no momento de sua leitura, as peças serão

produzidas através do olhar singular do artista epela técnica que

o mesmo desejar se apropriando do fazer artístico dominado.





LE VOILE DE MOSÉ - IZABEL VIDAL


No quintal havia amoras, uvas, rosas e figos.

No quintal havia vespas e vozes.

Havia formigas e cantigas de acordar.

No quintal havia céus a desabarem chuva a me lamber o rosto.

 

ACONCHEGO - MARISE BESSA

Em minha casa, tudo tem sentido, tudo me traz referência.

Gosto de comprar coisas e arruma-las em torno de mim.

Assim quando me perco a casa me situa

                                       

EU BEM QUE DURMO - ELAINE SOHELO

Não sou eu que fico pendendo

No abismo sozinho da noite

É o poema e a poesia

Eu bem que durmo



POESIA - MARIANA BARROSO

Sem intrias nem tramas, sem ação,

Poesia é solidao e queda

Um vôo no abismo.

Um passeio pasmado

No descontorno das coisas,

O poema é uma moldura vazia.

Onde a vida entra 

Vida arte vida arde Vida arte vida arde Vida arte

vida arde Vida arte vida arde Vida arte vida arde

Vida arte vida arde Vida arte vida arde Vida arte

vida ardeVida arte vida arde Vida arte vida arde


ESPÍRITO SANTO - BIANCA VIDAL

Eu venho do Espírito Santo.

Eu sou do Espírito Santo.

Trago a Vitória do espírito santo.

Santo é um espírito capaz de operar milagres

Sobre si mesmo.


MÃOS DADAS - ÁGUEDA VALENTIM

É porque sentimos dor que valorizamos tanto a alegria.

Além do mais, não há um ser humano que não tenha vivido a dor.

E se houvesse, ele não saberia também o que é alegria.

 

RECORTES - ÁUREA BRANDÃO

TODA PALAVRA                     

Eu procuro uma palavra que me salve

Pode ser uma palavra verbo.

Uma palavra vespa, uma palavra casta.

Pode ser uma palavra dura, sem carinho.

Ou palavra muda, 

Molhada de suor no esforço da terra não lavrada.

Não ligo se ela vem suja, mal lavada.

Procuro uma coisa qualquer que saia soada do nada.

Eu imploro pelos verbos que tanto humilhei.

E reconsidero minha posição em relação aos adjetivos.

Penso em quanta fadiga me dava,

O excesso de frases desalinhadas em meu ouvido.

Hoje imploro uma fala escrita.

Não pode ser cantada.

Preciso de uma palavra como um porto um mar um prado.

Um campo minado um contorno.

Carrossel cavalo pente quebrado véu.

Mariscos muralhas manivelas navalhas.

Eu preciso do escarcéu soletrado.

Preciso daquilo que havia negado.

E mesmo tendo medo de algumas palavras

Preciso da palavra medo como preciso da palavra morte,

Que é uma palavra triste.

Toda palavra deve ser anunciada e ouvida.

Nunca mais o desprezo por coisas mal ditas.

Toda palavra é bem dita e bem vinda.



SOLIDÃO - ACÉLIO RUBENS


O homem precisa de algum conhecimento pra sobreviver,

mas pra VIVER precisa de arte

 

VARAL - GINA ABREU



RECEITA PRA LAVAR PALAVRA SUJA

Mergulhar a palavra suja em água sanitária.
Depois de dois dias de molho, quarar ao sol do meio dia.
Algumas palavras quando alvejadas ao sola adquirem consistência de certeza.
Por exemplo, a palavra vida.

Existem outras, e a palavra amor é uma delas,
que são muito encardidas pelo uso, o que recomenda esfregar
e bater insistentemente na pedra, depois enxaguar em água corrente.
São poucas as que resistem a esses cuidados, mas existem aquelas.
Dizem que limão e sal tiram sujeira difícil, mas nada.
Toda tentativa de lavar a piedade foi sempre em vão.
Mas nunca vi palavra tão suja como perda.
Perda e morte na medida em que são alvejadas soltam um líquido corrosivo, que

 atende pelo nome de amargura, que é capaz de esvaziar o vigor da língua.
O aconselhado nesse caso é mantê-las sempre de molho
em um amaciante de boa qualidade.
Agora, se o que você quer é somente aliviar as palavras do uso diário,
pode usar simplesmente sabão em pó e máquina de lavar.
O perigo neste caso é misturar palavras que mancham no contato umas com as outras.
Culpa, por exemplo,

a culpa mancha tudo que encontra e deve ser sempre alvejada sozinha.
Outra mistura pouco aconselhada é amizade e desejo,
já que desejo, sendo uma palavra intensa, quase agressiva,
pode, o que não é inevitável, esgarçar a força delicada da palavra amizade.
Já a palavra força cai bem em qualquer mistura.
Outro cuidado importante é não lavar demais as palavras

sob o risco de perderem o sentido.
A sujeirinha cotidiana, quando não é excessiva, produz uma oleosidade que dá vigor aos sons.
Muito importante na arte de lavar palavras é saber reconhecer uma palavra limpa.
Conviva com a palavra durante alguns dias.
Deixe que se misture em seus gestos, que passeie pela expressão dos seus sentidos.
À noite, permita que se deite, não a seu lado mas sobre seu corpo.
Enquanto você dorme, a palavra, plantada em sua carne,
prolifera em toda sua possibilidade.
Se puder suportar essa convivência até não mais perceber a presença dela,
então você tem uma palavra limpa.
Uma palavra limpa é uma palavra possível.


III CIRCUITO ARTES - EXPOSIÇÃO "DIVERSIDADE CERÂMICA"

















 




                                                                     

 




 


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